A obesidade é agora reconhecida como uma doença. Essa mudança reflete o reconhecimento de que ela pode causar sérios problemas de saúde, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e complicações metabólicas, além de aumentar o risco de certos tipos de câncer. Por outro lado, nem toda pessoa obesa está doente, e essa distinção é essencial para determinar quem realmente precisa de tratamento.
O que é obesidade clínica?
Por muito tempo, o Índice de Massa Corporal (IMC) foi usado para diagnosticar obesidade. Ele é calculado dividindo o peso pelo quadrado da altura, e valores acima de 30 indicam obesidade. No entanto, o IMC não é perfeito. Ele não considera a distribuição da gordura no corpo nem distingue entre massa muscular e gordura. Por isso, muitas pessoas saudáveis, como atletas, podem ser classificadas erroneamente como obesas.
Um novo conceito, chamado “obesidade clínica”, está mudando essa abordagem. Proposto por especialistas da Lancet Commission, ele combina três ferramentas principais para diagnosticar a obesidade de forma mais precisa:
• Medidas do corpo, como circunferência da cintura ou razão cintura-altura, que ajudam a avaliar a gordura visceral (a gordura perigosa que se acumula ao redor dos órgãos).
• Sinais e sintomas de saúde debilitada, como insuficiência cardíaca, problemas no fígado ou dificuldade para realizar atividades simples, como se vestir ou tomar banho.
• Exames modernos, como escaneamentos que medem diretamente a quantidade e a localização da gordura corporal, em casos mais complexos.
Qual é a diferença entre obesidade clínica e obesidade pré-clínica?
Pessoas com obesidade clínica apresentam impactos diretos na saúde causados pelo excesso de peso. Isso inclui doenças metabólicas, como diabetes, e problemas ortopédicos, como dores articulares nos joelhos ou quadris. Esses indivíduos são candidatos a tratamentos mais intensivos, como medicamentos ou até mesmo cirurgia bariátrica.
Já as pessoas com obesidade pré-clínica não apresentam problemas graves no momento, mas estão em maior risco de desenvolver complicações no futuro. Nesses casos, o foco deve ser na prevenção por meio de mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e prática regular de exercícios.
A revolução no tratamento da obesidade
A chegada de medicamentos inovadores, como os agonistas de GLP-1 (exemplo: semaglutida, comercialmente conhecida como Wegovy), transformou o tratamento da obesidade. Esses remédios promovem perda de peso significativa e oferecem uma alternativa entre as estratégias tradicionais e a cirurgia bariátrica. No entanto, é crucial que eles sejam prescritos para os pacientes certos, ou seja, aqueles com obesidade clínica.
Outro tratamento que continua sendo essencial em casos mais graves é a cirurgia bariátrica. Além de ajudar na perda de peso, ela tem impactos positivos no controle do diabetes e na redução do risco de doenças cardiovasculares.
Por que essas mudanças são importantes?
Estudos estimam que apenas 20% a 40% das pessoas classificadas como obesas pelo IMC tradicional realmente atendem aos critérios de obesidade clínica. Isso significa que muitas pessoas saudáveis podem evitar tratamentos desnecessários, enquanto aquelas que realmente precisam de ajuda recebem atenção adequada.
Além disso, reconhecer a obesidade como uma doença ajuda a reduzir o estigma e incentiva os pacientes a buscar apoio médico. Organizações de saúde renomadas, como a American Heart Association e a Chinese Diabetes Society, já endossaram essas novas diretrizes, destacando sua importância para a saúde pública global.
Obesidade e qualidade de vida
Entender a obesidade como uma doença real e tratável é um passo importante para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Se você está enfrentando dificuldades relacionadas ao excesso de peso, como complicações cardiovasculares, diabetes ou limitações no dia a dia, não hesite em procurar ajuda de um especialista.
A prevenção e o tratamento precoce podem fazer toda a diferença na sua saúde e no seu bem-estar. Informe-se, cuide-se e comece hoje mesmo o caminho para uma vida mais saudável e equilibrada.